O Portugal Imperfeito: Não Há Espaço Para Um Braga Assim.

Mas que temporada brilhante, mas que equipa brilhante... que treinador brilhante! Que jogadores brilhantes! Que organização brilhante!


Paulão, Rodriguez, Kaka, Elderson, Sílvio, Leandro Salino, Lima, Paulo César, Keita... Quem são estes? O que é que eles já fizeram? Será que são bons? Jogam bem?
A resposta será... veja o Braga jogar e irá perceber. Do "nada"... estes jogadores, estas pessoas, estão a ser fascinantes. Talvez... esse "do nada" deve-se aos seguintes factos que irei nomear, criticar, exemplificar e muito mais.




Este ano, o Braga começou mal (sim, foram capazes de perder contra o Celtic, sim, o Celtic). Devido à grande sequência de jogos, coisa à qual esta equipa não se apresentava preparada, muito devido à falta de competitividade do plantel e até porque nunca disputaram quatro competições em simultâneo (a Liga Portuguesa, a Taça de Portugal, a Taça da Liga e a mítica Liga dos Campeões)... posto isso, muitos "entendidos", muitos indivíduos cheios de mal olhado, começaram a apontar o dedo a este Braga, a esta grande equipa... sem pensar em nada, só com a inveja de nunca terem conquistado alguma coisa com tanta mediocridade, com tanta humildade. Agora nós (os que sempre acreditaram nestes jogadores, nestas pessoas, sim, volto a frisar, nestas PESSOAS), podemos ir em direcção a esses críticos e dizer: "Peguem nesse mesmo dedo, virem-no ao contrário e enfiem-no no seu mais que tudo" (sim, decidi ser incorrecto, afinal... não é assim que se ganha destaque em Portugal?).

Sevilla, Arsenal, Liverpool e Benfica (porque não é fácil derrotar estes dois "colossos" na mesma semana), Partizan (porque não é fácil ir à Sérvia e derrotar esta equipa sem as pernas tremer de medo dos sempre irreverentes fans, talvez os mesmos que iam deitando Itália abaixo há pouco mais de dois/três meses), ou até, eliminar o mesmo Lech Poznan, que os famosos Manchester City ou Juventus não conseguiram derrotar. Estas equipas caíram todas contra o Braga. Razões? Precisa? Aqui vai: União,  Força, Humildade, Pessoas que têm de dar o dobro para provar o quão bom são, Pessoas (pois, repetição da mensagem é a minha intenção), Pessoas que não carregam "Hugo Viana" ou "Artur" ou "Paulão" nas costas, mas sim, carregam graves e influenciáveis adjectivos desde "Medíocre" a "Fraco", passando por "Incapaz" ... quando não são reconhecidos os verdadeiros actos, quando não são reconhecidos aqueles passes que mataram muitas defesas, que deram o título a um Sporting comandado por Inácio, em que Ronaldo e Quaresma ficaram com o protagonismo e não aquele Maestro, aquele Hugo Viana, aquele que só é conhecido por ter passado pelo Newcastle e pelo Valência sem sucesso, quando não era compreendido, quando jogava fora da sua posição, mas que no entanto, um dos Grandes do Futebol, Bobby Robson, o adorava, e com razão... ou aquelas defesas, aquela presença, aquele corpo na baliza da Roma, que estava sempre lá quando era preciso, o mesmo que era o "suplente de Doni", aquele que nunca teve a oportunidade de brilhar na Liga Italiana, aquele que só realizou 12 jogos, o tal que não servia, o tal que veio para o Braga para ser alternativa de Felipe e acaba por ser dos membros mais determinantes do plantel, o mesmo que agora é (ou volta a ser) apelidado de "Muralha"... ou talvez aquele defesa que diziam ter "fracos pés", aquele defesa "duro de rins" ou talvez mais um jogador para a Naval e é isso que ele é, pois bem, e que tal apontar o facto de o Braga ter conquistado dezasseis pontos, dos 31 que o Braga tem na Liga, nos jogos que realizou?

Lá está, momentos que são ocultados, que são esquecidos, ou pelo menos, que fazem por ser ocultados e esquecidos por aqueles que influenciam o país, os media.

Os mesmos que não reconhecem tudo isto tanto aos jogadores Bracarenses, como ao seu treinador, Domingos, como à equipa em si. Os mesmos que não se lembram do castigo aplicado a Mossoró e Vandinho na temporada passada, quando estes tinham supostamente agredido alguém, de um dito clube, que mais tarde viria a ser campeão, num momento, em que estes estavam a ser decisivos e que veio a abalar toda a equipa e quiçá, o que o Braga poderia ter conquistado sem essa injustiça.
Várias pessoas que viram isto a acontecer pensaram: "São só dois jogadores, isto passa". Mas a verdade é que não são "só dois jogadores". É um plantel inteiro. Ao castigar o Vandinho, estava a castigar o Rodriguez, o Moisés, o Felipe Oliveira. Ao castigar o Mossoró estava a castigar o Alan, o Matheus, o Meyong.
Este mesmo Braga foi o tal que tornou a Liga 2009/2010 num dos campeonatos mais competitivos da década, o tal que "empurrou" as decisões para a última jornada, coisa que não acontecia há já quatro anos, pois o Porto havia dominado até então, sem dar hipótese a qualquer equipa de se aproximar.

Este mesmo Braga, que não vê a sua fotografia na capa dos media.
Este mesmo Braga, que não vê a sua equipa no topo do Mundo.
Este mesmo Braga, que não vê a sua organização DEVIDAMENTE reconhecida.
Este mesmo Braga, que não vê o seu líder reconhecido pelo que faz, ,mas que vê outros sem metade da capacidade, sem metade da personalidade, do carácter, da humildade, da dignidade, nos grandes tablóides Mundiais, quando não passam de "bebés" levados ao colo.
Este mesmo Braga, que não vê os seus GRANDIOSOS jogadores elevados diariamente ao estatuto de rei, como outros vêm.
Este mesmo Braga, que não mancha os jornais com problemas alcoólicas, com rixas de balneário.
Este mesmo Braga, organização... estas mesmas pessoas que não são o que merecem ser porque não vem aos "órgãos influenciadores de mentalidades" falar e insultar os outros colegas de profissão.
Este mesmo Braga que é recebido por milhares no aeroporto e que não entra pela porta VIP.
Este mesmo Braga que é recebido por milhares por dar apoio aos seus adeptos.

Este mesmo Braga que é capaz de acatar com todas as injustiças e contorná-las com a maior das facilidades, pois bem, este é o mesmo Braga...humilde.
O mesmo Braga como união.
O mesmo Braga como um todo.
O mesmo Braga como grandeza.
O mesmo Braga como força e como presença.

O mesmo Braga que Portugal merece.

- Roberto Rivelino