Um hat-trick na Copa dos Libertadores para um jogador Sul-Americano é como um hat-trick para qualquer jogador Europeu, e, também, tanto na competição da CONMEBOL como na da UEFA, não é qualquer um que o consegue. Ricardo Goulart, 22 anos, foi capaz dessa proeza na goleada do Cruzeiro sobre o Universidad de Chile por 5-1 e ainda acrescentou uma assistência, claro está aliada à boa exibição, ao feito.
A alinhar mais descaído sobre a meia ala direita na primeira parte e mais centrado na segunda, Goulart foi encarregado de dar apoio ao único avançado, Moreno, no 4-2-3-1 de Marcelo Oliveira e de dar liberdade à criatividade de Everton Ribeiro e à velocidade e classe de Dagoberto - seus companheiros no meio campo ofensivo. E, claro está, as manobras deste poderio ofensivo foram bem escudadas por Lucas Silva e Rodrigo Souza - que depois foram ajudados por Souza, que entrou na segunda parte.
O hat-trick de Goulart começou a ser desenhado aos 33' quando rompeu em diagonal para a área Chilena e empurrou a bola para a baliza de primeira depois de um grande passe a rasgar de Dagoberto; aos 42', canto da direita, Bruno Rodrigo desvia de cabeça e Goulart aparece ao segundo poste já sem marcação completando o lance com golo; o último dos três golos surgiu à passagem do minuto 85' aproveitou a confusão de um lance aéreo e sozinho na área dominou a bola e rematou para o fundo da baliza de Herrera, que em mancha, ainda toca na bola. Na primeira parte fez a assistência para o golo de peito de Dagoberto, centrando a bola para a área em rotação e de primeira, para o ainda 2-0. Lorenzetti marcou o golo do Universidad e Willian fechou a contagem nos 5-1 aos 90.
Ricardo Goulart é, por norma, um jogador que se sente mais confortável a jogar como meia (médio ofensivo). Contudo, na primeira vez que vi este jovem jogar, com apenas 17 anos no Santo André, jogava como interior/meia livre no 4-2-2-2 do Santo André e era liberto pela disponibilidade de Ricardo Conceição (que representa o Paraná actualmente). Agora, mais maduro joga numa equipa bem construída e tem a liberdade que o seu Futebol precisa para florescer no ataque e já por isso às vezes joga como avançado, posição que experimentou várias vezes na sua passagem pelo Internacional ou Goiás.
O Brasileiro que recebeu neste jogo o Bridgestone Jogador da Partida é um jogador de assumida qualidade técnica em drible, condução e controlo de bola ou no passe curto, recorrendo por vezes ao passe picado perto da área. É rápido com bola e na desmarcação, para além de saber ocupar os espaços para receber a bola - criação de linhas de passe.
Aos 22 anos pode brilhar no Futebol Brasileiro numa equipa com a estrutura do Cruzeiro e com uma equipa que seja muito consistente na retaguarda. As dúvidas e lacunas que pode levantar e mostrar quanto ao seu estilo de jogar quando hipoteticamente adaptado aos modelos de jogo da Europa são algo a considerar e penso que, pelo menos para já, deverá de ser crescido na ainda irreverente vivência do show dos relvados Brasileiros.
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